sexta-feira, 20 de abril de 2012

A way out

A vida das meninas é muito complicada. Além de tudo o que já passam - menstruam, choram em filmes, quebram a unha, engravidam, tem que se preocupar com roupa e cabelo - ainda tem que lidar com a indecisão dos meninos.
Por isso, a narradora observadora deste blog decidiu ajudar as meninas e, por hoje, vai achar um rapaz para inserir nesta pequena historinha.

O rapaz do conto de hoje era o sonho de qualquer menina. Mais do que tudo, era um bom rapaz, um bom filho, e quiçá seria o bom marido que as mães sempre sonharam. O defeito? Era cobiçado por todas, exatamente pelos motivos acima. Aquela menina que estava pensando na varanda, no outro dia, o conheceu em uma festinha, através de uma amiga dos dois em comum. A conexão foi rápida - eles tinham muito em comum. Os dois haviam morado fora, falavam as mesmas línguas, gostavam dos filmes e livros e de viagens... de cara, já marcaram uma viagem pra Cuba. Quando seria, eles, claro, não sabiam, mas o desejo estava ali, no ar, com gosto de "quero ir, vamos agora?"

Eles riram juntos, conversaram juntos, dançaram, dançaram, dançaram... e claro, a vontade falou mais alto. "vamos dividir um chocolate?" E foi o melhor chocolate que eles dividiram na vida.
A cumplicidade foi ganhando espaço... eles se falavam todos os dias, se viam quando dava (os dois eram muito ocupados, gente), riam, riam, riam....

Ele era divertido, inteligente, envolvente... era sexy. E era lindo, o rapaz desta história. O jeito que ele falava era tão peculiar, que a menina às vezes esquecia do mundo e só pensava: "meudeusdocéu, como ele reparou em mim?" (sério, às vezes eu a via se perguntando). Quando ela o beijava, parecia que o mundo ganhava outra cor. um vermelho pecado, paixão, intenso, forte.... um vermelho almodóvar.

A menina vai entrar de novo com seus pensamentos na história, pois, afinal de contas, o rapaz apareceu aqui por causa dela. Ela o olhava e, jurava não saber como aquilo tudo estava acontecendo com ela. Realmente, a sorte havia lhe sorrido - ela só não sabia como sorrir de volta. Ele era um rapaz cobiçado e isso a assustava... (ela sabia o tanto de ciúmes que podia sentir de alguém). Além disso, havia tão pouco tempo para tanta euforia, tanta esperança... "tu és muito intensa, mulher", dizia ela a si mesma. Porém, duas coisas não saíam da cabeça confusa da menina: ela gostava do perigo. "que droga", suspirou. ela tinha se dado um prazo pras coisas acontecerem, e o prazo estava chegando ao fim. Ela não tinha a mínima ideia do que iria fazer, e isso a incomodava. Ela sempre tinha o controle das situações, SEMPRE. Dessa vez, o prazo estava chegando ao fim.... e ela queria saber o que fazer quando ele realmente acabasse. E se nada for como ela pensava que seria? E se o que ela tinha planejado não acontecesse? E se ele não ficasse com ela? E se o bonitão que ela pensava no outro dia, enquanto via a chuva na varanda, não chegasse à tempo?No fim do prazo, ela só queria um abraço. Um abraço que coubesse no dela.

O rapaz, por sua vez, pensava na vida que ele levava. Ele tinha uma vida agitada demais pra idade dele. "Quero me acalmar", ele dizia. Ele via a menina e nela, também via um porto seguro. Via coisa boas, via felicidade, inteligência (até demais). Pela cabeça dele - me disse uma vez que conversamos - passava o fato de que ela poderia lhe proporcionar boas coisas e um bom relacionamento - ela poderia ser a pessoa que ele tanto procurava.No final das contas, ele era, sim, cobiçado, mas queria um porto seguro pra deitar a cabeça no colo, quando o dia acabasse. Ou pra tomar café de manhã quando saísse da festa.

O rapaz lhe sorria e esperava sua reposta calmamente. E ela, só esperava que, no final, as coisas fossem bem clichés: ela queria o tal banco para se assentar. Era isso: ela não queria escolher entre esperar um amor e a comodidade de um amor: ela queria um final feliz.

domingo, 8 de abril de 2012

Esperando.

A menina olhava a chuva cair pela varanda da sua casa e pensava. E eu, mais uma vez narradora observadora, prestava atenção no desenrolar da história daquela menina, de olhar tão vago e cabeça tão cheia.
Ela pensava, pensava, pensava. Admirava a chuva com uma vontade de estar sentada rindo e pensando em como seria bom ter alguém pra estar admirando a chuva com ela. Ela não sabia o que tinha acontecido, porque ela, normalmente, não era assim. Ela era durona, sabe? Não era de ficar de mimimi.
Aquele rapaz tinha mexido com o juízo da menina. Às vezes, ela desejava não o ter conhecido, mas aí então ela colocava Roberto Carlos pra cantar todos os Detalhes deles dois e pensava no quanto todos os momentos haviam sido especiais.
O rapaz era aquele tipão alto, bonito, que de vez em quando vinha aqui no prédio. Eu, a narradora observadora, sempre o via chegar. A menina mudava a cara quando ele aparecia. Quando ele não vinha, era sempre o marasmo da rotina.
Ela continuava pensando enquanto a chuva caía. pegava o celular, devolvia pro lugar. Queria ligar, falar, mas não ia. Tinha se prometido ficar quieta a partir de então...
Ela ainda procurava o banco para se assentar...e dessa vez ela queria ter achado. E lá no fundo ela sabia que sim, era teimosa. E que estava sendo insistente até, quem sabe. Eu, a narradora, até diria que ela estava sendo ousada demais.
Mas a menina sabia até onde podia ir. Ela sabia o seu limite. E sabia que ele era caprichoso, e arriscava pensar até que ele estava com medo. Mas era só um palpite. Ela sabia, de certa forma, que ele pensava nela, também. Ela não podia confirmar, mas achava que sim, ela não estava sentindo errado. E ela tinha opções... e não os deixava seguir. Ela era cobiçada, a menina! Porque não sorria de volta para a sorte que chegava?
A menina levantou, apagou a luz da varanda e fechou a porta.
Eu, fiquei aqui torcendo de dedos cruzados pra esse amor, quem sabe um dia, florescer igual às florzinhas amarelas que amanheceram abertas na varanda dela nesta manhã.