sábado, 23 de outubro de 2010

Pai e Mãe, ouro de mina

Quando você mora fora, você começa a valorizar tudo o que você tem em casa e nunca achou que gostava. Coo aquele travesseiro velho, por exemplo. Mas hoje, você vê que ele tem a posição exata da sua cabeça desde que você tem 3 anos de idade.
Quando você mora fora, você percebe que seus pais e seus irmãos e sua família e seus amigos são as pessoas mais importantes da sua vida, e talvez você nunca tenha dito isso a eles.
A saudade de casa é a pior coisa que existe. Deixa o seu coração apertado, a sua garganta seca e a cabeça doente.

O brasileiro é um povo feliz. Liguei pra minha casa um dia e lá estava tendo uma feijoada pelo simples fato de que meus pais reformaram um banheiro e estavam "inaugurando". Feijoada, zoada, amigos reunidos. Sinto falta disso. Aqui na França, essa é uma vida que não existe. E nem é porque eles são frios, não. Eles simplesmente são diferentes, e se a minha opção foi vir morar aqui, que eu aprenda a aceitar estes fatos.
Sempre fui do pensamento de que, se você aprende a conviver com as diferenças, você vive melhor. Em todos os ambientes da vida, eu digo. Se você aprende que aquele cara do trabalho que não gosta de apelidos é simplesmente diferente de você, que chama todo mundo de um nome diferente, e a partir daí você o chama só de João, você tem o respeito dele e aprendeu a viver melhor, com mais um amigo. Assim tnho vivido meus dias aqui: aprendendo a respeitar as diferenças, a ausência da minha rotina de sempre e a presença de uma rotina beeeem diferente do que eu já estava acostumada.

Por outro lado, sinto do fundo do meu coração que aqui é o meu lugar. Que é aqui que quero morar, constituir família, trazer meus não-sei-quantos sobrinhos pra passar o natal com a Tia Rafa. Me sinto em casa, apesar de sentir falta da minha própria casa. De verdade. E sei que estes sentimentos de saudade são presentes SEMPRE, eu já os senti várias vezes, de uma forma até doída às vezes. Mas me fascina a forma que eu posso ajudar a inserir minha cultura na cultura francesa, o fato de que posso escrever de longe pra um jornal e mostrar pras pessoas como é a minha vida fora, o fato de que posso aprender outras línguas e ter a honra de ter um amigo em cada canto do mundo. A vida de quem mora fora é assim: globalizada. Estar na Europa é estar a um pulo de um país diferente e você começa a colecionar bibelôs. Um de cada lugar diferente.

E além de bibelôs, você coleciona amigos e histórias pra contar. E a cada vez que as conta, você revive na lembrança a felicidade daquele momento, o gosto de aventura, a magia daquele lugar maravilhoso que você teve a oportunidade dada por Deus de visitar e de passar bons momentos ali.

Pra mim, viajar é isso: viver e reviver a magia de cada lugar do mundo que Deus criou.

e tchaubeijoemeliga que eu tô atrasada ;*