terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Em trânsito

E a menina, mais uma vez, sonhava.
Era ela a andarilha, agora. E não havia achado um banco para se assentar.
Ela, sim, continuava em busca de um rumo. Logo ela, que tanto já viajara.... que tanto já conhecia do mundo. Precisava de um mapa. Mas parecia um mapa de tesouro - e o tesouro tinha sido escondido por um pirata.
Ela, com tantos carimbos no passaporte, não conseguia achar um simples banco confortável para sentar e ver a vida tomar seu curso normal.. Ela queria ver os comerciantes passando, os operários trabalhando, os velhinhos alimentando os pombos, os casais namorando.
Um único banco, em que ela pudesse, quando cansada, deitar, e olhar as estrelas e sentir a companhia de vários pontos de luz. Somente.
"Vai ser em um jantar", alguém disse a ela, um dia...
Será a cadeira alta o suficiente para que ela sente sem balançar suas pernas curtas e se sentir, enfim, segura?
Ela esperava que sim. Ela só queria se sentir segura. A cadeira nem precisava ser luxuosa. "Poderia até ser um banquinho de cimento", ela pensou. Em seguida, pesou se não estava se contentando com pouco - afinal, ela só queria sentar...
"Lover, you should've come over...", cantarolou Jamie. Ela, então, deu uma última olhada pela janelinha do avião. Reparou na toalha de mesa que parecia o mundo lá fora... "talvez eu precise me assentar em mim. E aprender a tricotar".
Pegou as malas, desceu do avião, olhou de novo pr'aquele mapa - imaginário - do tesouro, tentando colocar pegadas imaginárias que o levassem a ele, e teve a quase-certeza de que não ia ser dessa vez. (Nota da narradora observadora: ela esperava estar bem errada, nesse ponto).
E consolou-se, mais uma vez, na cadeira dura e desconfortável daquela sala de embarque.

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