domingo, 8 de abril de 2012

Esperando.

A menina olhava a chuva cair pela varanda da sua casa e pensava. E eu, mais uma vez narradora observadora, prestava atenção no desenrolar da história daquela menina, de olhar tão vago e cabeça tão cheia.
Ela pensava, pensava, pensava. Admirava a chuva com uma vontade de estar sentada rindo e pensando em como seria bom ter alguém pra estar admirando a chuva com ela. Ela não sabia o que tinha acontecido, porque ela, normalmente, não era assim. Ela era durona, sabe? Não era de ficar de mimimi.
Aquele rapaz tinha mexido com o juízo da menina. Às vezes, ela desejava não o ter conhecido, mas aí então ela colocava Roberto Carlos pra cantar todos os Detalhes deles dois e pensava no quanto todos os momentos haviam sido especiais.
O rapaz era aquele tipão alto, bonito, que de vez em quando vinha aqui no prédio. Eu, a narradora observadora, sempre o via chegar. A menina mudava a cara quando ele aparecia. Quando ele não vinha, era sempre o marasmo da rotina.
Ela continuava pensando enquanto a chuva caía. pegava o celular, devolvia pro lugar. Queria ligar, falar, mas não ia. Tinha se prometido ficar quieta a partir de então...
Ela ainda procurava o banco para se assentar...e dessa vez ela queria ter achado. E lá no fundo ela sabia que sim, era teimosa. E que estava sendo insistente até, quem sabe. Eu, a narradora, até diria que ela estava sendo ousada demais.
Mas a menina sabia até onde podia ir. Ela sabia o seu limite. E sabia que ele era caprichoso, e arriscava pensar até que ele estava com medo. Mas era só um palpite. Ela sabia, de certa forma, que ele pensava nela, também. Ela não podia confirmar, mas achava que sim, ela não estava sentindo errado. E ela tinha opções... e não os deixava seguir. Ela era cobiçada, a menina! Porque não sorria de volta para a sorte que chegava?
A menina levantou, apagou a luz da varanda e fechou a porta.
Eu, fiquei aqui torcendo de dedos cruzados pra esse amor, quem sabe um dia, florescer igual às florzinhas amarelas que amanheceram abertas na varanda dela nesta manhã.

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